Resenha da obra No meio da noite escura tem um pé de maravilha: contos folclóricos de amor e aventura
Resenha
AZEVEDO,
Ricardo. No meio da noite escura tem um
pé de maravilha: contos folclóricos de amor e aventura. 10. Reimpressão.
São Paulo: Ática, 2008.
Por:
Delba Tenorio Lima Patriota Villela
O escritor e desenhista paulistano Ricardo Azevedo
refere-se à sua obra No meio da noite
escura tem um pé de maravilhas, como “uma coletânea de contos muito
antigos, criados e guardados na memória do povo, que vêm sendo contados de boca
em boca desde que os portugueses chegaram ao Brasil e até antes, pois os índios
também contavam e ainda contam belas histórias”. (2008, p. 118).
Neste trabalho, Azevedo entrega aos leitores uma
seleção de “causos” ameaçados pelo esquecimento, os quais o autor intenta
preservá-los através da escrita, pois teme pelo seu desaparecimento. São dez
contos que, a partir de uma linguagem simples e coloquial, estreitam relações
com o leitor, ao mesmo tempo em que tentam buscar, na memória coletiva, fatos
que os aproximam. Como escreve o autor, “são contos que falam de assuntos que
interessam a todas as pessoas”, (2008, p.119).
A começar pelos títulos, a obra já aguça no leitor
a vontade de conhecer suas histórias. A coletânea é composta pelos seguintes
contos: “Moço bonito imundo”, “A mulher dourada e o menino careca”, “O príncipe
encantado no reino da escuridão”, “Coco Verde e Melancia”, “A mulher do
viajante”, “Os onze cisnes da princesa”, “O filho do ferreiro e a moça
invisível”, “Dona Boa-Sorte mais Dona Riqueza”, “As três noites do papagaio” e “O
filho mudo do fazendeiro”, terminando com uma entrevista ficcional –
“Entrevista para um papagaio” – na qual o escritor comenta sobre a obra.
No entanto, além de registrar os contos, Azevedo os
ilustra de modo surpreendente. Ao lançar mão da arte da xilografia nos transporta
à literatura popular regional, como aos cordéis nordestinos, fazendo com que a
gama de histórias contadas e recontadas por sucessivos ouvintes chegue ao
público atual despertando grandes expectativas.
Tal forma de narrar os fatos faz com que o autor
dialogue de pronto com um público especial: o infantil; pois esses leitores,
além de curiosos, têm uma recepção ávida por histórias que compartilham o
lúdico, o fantástico e o imaginário, artifícios muito bem explorados pelo
escritor da obra No meio da noite escura
tem um pé de maravilha.
Porém, dentre os contos relacionados, quatro se
destacam por tratar de temáticas comuns a muitos indivíduos: “Moço bonito
imundo”, “Coco Verde e Melancia”, “A mulher do viajante” e “Dona Boa-Sorte mais
Dona Riqueza”.
“Moço bonito imundo” traz questões que abordam
temas como perdas, coragem, sacrifícios e perseverança; situações e atitudes
que fazem parte da nossa caminhada e nos ajudam a amadurecer para enfrentar os
problemas e conflitos a nós inerentes.
Em “Coco Verde e Melancia” são apontadas situações
familiares que enfocam como o relacionamento proibido entre os personagens
principais. Situações que podem ser vivenciada nos dias de hoje entre pessoas
de classes sociais diferentes.
“A mulher do viajante” destaca sentimentos como a
inveja, injustiça, coragem, esperança, perdão e amor. Ações comuns que vivemos
e que nos ensinam a praticar a tolerância e a prudência, a fim de nos proteger
dos problemas advindos das aparências das coisas e da persuasão das pessoas.
“Dona Boa-Sorte mais Dona Riqueza”, revela ao
leitor que dinheiro não resolve todos os problemas, e que saber usá-lo é o
segredo do sucesso, também, que é preciso ter sabedoria para aproveitar as
oportunidades que nos são dadas.
Ao recontar “causos” folclóricos de amor e
aventura, Azevedo retoma antigos costumes e conceitos de outras culturas
(portuguesa, indígena e africana), de forma com que os leitores possam
interagir com os personagens retratados. Além disso, possibilita aos jovens
conhecer valores e conceitos de tempos e lugares da História que não fazem
parte do seu cotidiano. Os contos também instigam os leitores mirins a
reavaliarem as suas ações diante dos problemas do seu dia a dia, como fazem os
heróis dos contos que lutam para se conhecer melhor, ou até mesmo a tomá-los
como inspiração diante de novos desafios e imprevistos aos quais estão
sujeitos, ressignificando os contos que lhes são apresentados.
Há várias formas de se abordar o conteúdo de um
conto: através da oralidade, como faziam os sábios de outrora ao repassá-los
aos mais jovens; o ato do pai de contar ao filho um causo, usando-o como
pretexto para orientá-lo ou para acalentá-lo; ou de maneira fantástica
despertando a curiosidade e a imaginação dos leitores, como é o caso do
escritor dos contos apresentados.
Diante do exposto, percebemos que a obra de Azevedo
apresenta muitas facetas positivas. O que nos possibilita trabalhar com
crianças e adolescentes na contextualização das temáticas abordadas, bem como criar
uma ótima oportunidade para o exercício da leitura, da interpretação textual e
da produção de texto, momentos de desenvolvimento de várias capacidades
discursivas.
O livro de Ricardo Azevedo "No meio da noite escura tem um pé de maravilha" é realmente maravilhoso, com contos cativantes, que trabalham o lado lúdico das crianças.Li alguns contos do livro para minha sobrinha de 4 anos e ela adorou, agora ela pede sempre para eu ler para ela.
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