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ENCONTRO DE ESTUDO
EIXO 1 – LETRAMENTO LITERÁRIO

No dia 24 de abril de 2017, reuniram-se excepcionalmente na segunda-feira a equipe do Eixo 1, Letramento Literário, para realizar mais um encontro de estudos com bolsistas do PIBID. O estudo dirigido se deu na sala 4 do bloco C da UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná -, campus de Cornélio Procópio, e contou com as presenças da coordenadora, Profa. Dra. Ana Paula Franco N. Brandileone, e também da professora supervisora, Ieda Maria Sorgi P. Elias.
O encontro iniciou-se com a discussão do texto de Vincent Jouve (2012), Por que estudar literatura?, sob a orientação da professora Ana Paula. Dentre as questões abordadas pelo texto está a supervalorização do significante em detrimento do significado, aspecto que possibilita não apenas a atualização dos sentidos do texto literário, mas também mantendo-o vivo e atravessando as barreiras do tempo. Isso porque o contrato de leitura do texto literário em relação ao texto jornalístico, por exemplo, é distinto, valendo mais como sintoma do que como sinal. O autor reitera essa ideia ao dizer que “[...] na medida em que o autor não controla inteiramente o que faz, a obra é mais interessante como sintoma do que como sinal” (JOUVE, 2012, p.84). Ou seja, ao produzir um texto literário o escritor utiliza-se da forma como meio de transmitir um conteúdo que, por sua vez, apresentará concomitantemente sinais, isto é, aquilo que está explicito e exposto propositalmente pelo autor no texto, e sintomas, que é tudo que se encontra nas entrelinhas do texto. Dessa maneira, a forma possui importância primordial, que muitas vezes é ignorada pelos leitores, pois se o conteúdo chega até ele é porque o autor se utilizou da forma para a sua construção, portanto, ambos estão correlacionados e são interdependentes.
Dessa forma, o autor deixa claro que para saber “o que” uma obra literária diz, é preciso primeiro se atentar para a forma no qual é dito, pois são os elementos da composição do texto literário associado ao conteúdo literário que possibilitam a compreensão do escrito literário pelos leitores.
Considerando-se, portanto, os pressupostos teóricos de Jouve, pode-se dizer que o autor contrapõe-se à teoria dos formalistas russos, na medida em que estes passaram ao largo da análise do conteúdo literário ao dedicarem-se apenas ao estudo da forma literária. Assim, longe de considerarem a forma como expressão do conteúdo, inverteram a equação: o conteúdo era simplesmente motivação da forma ou pretexto para o exercício formal. Para o estudioso, entretanto, “[...] se é o conteúdo que constitui o valor de uma ficção, é então conveniente especificar que esse conteúdo só é dado mediante uma forma particular, da qual ele não pode ser separado” (JOUVE, 2012, p.90).
Posteriormente, pautou-se a respeito da elaboração dos resumos para as comunicações no III SELLITCON – Seminário de Estudos Literários e Literatura Contemporânea -, que será realizado entre os dias 29 a 31 de maio, na Universidade Estadual do Norte do Paraná, sob a coordenação da Profa. Dra. Ana Paula Franco Nobile Brandileone.

Referência:
JOUVE, Vicent. Por que estudar literatura? Trad. Marcos Magno e Marcos Marcionilo. Editora: São Paulo, 2012. p.81 a 92.

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